Laudo confirma envenenamento de americano morto em MG; investigação aponta trama de R$ 1,3 milhão
07/11/2025
(Foto: Reprodução) Everaldo e Thomas, mortos por envenenamento em junho deste ano
Redes sociais
O laudo toxicológico feito no corpo do americano Thomas Stephen Lydon, de 65 anos, confirmou que ele também foi envenenado com fenobarbital, o mesmo medicamento que causou a morte do companheiro, Everaldo Gregório de Souza, de 60. A confirmação reforça a tese da Polícia Civil de que as duas mortes, ocorridas em junho deste ano, fizeram parte de uma mesma trama planejada por motivação financeira.
O resultado da perícia foi anexado ao relatório final do inquérito, concluído nesta semana. O documento aponta que os suspeitos, a irmã de Everaldo e um amigo de Thomas, agiram de forma premeditada e chegaram a movimentar mais de R$ 1,3 milhão após as mortes. Ambos estão presos preventivamente e serão indiciados por duplo homicídio qualificado e outros crimes.
📲 Clique aqui para seguir o canal do g1 Vales no WhatsApp
Medicamento foi comprado com receita falsificada
Segundo o inquérito, fenobarbital e fenitoína, medicamentos de uso controlado, foram comprados de forma fraudulenta em 9 de junho de 2025, 11 dias antes da morte de Thomas. A compra foi feita pela irmã de Everaldo, com uma receita médica falsificada.
A médica cujo nome constava na prescrição negou que tivesse emitido o documento. O uso dessas substâncias, segundo a perícia, provocou falência múltipla dos órgãos e parada cardiorrespiratória, quadro típico de intoxicação por barbitúricos.
Casal gay morto por envenenamento em MG: veja o que se sabe sobre o caso
Versão de morte natural foi desmentida por exame toxicológico
Corpos foram exumados para a investigação
Polícia Civil
A morte de Thomas havia sido registrada como decorrente de um câncer de pele, mas o exame toxicológico mostrou que o quadro clínico não justificava o óbito. O médico assistente relatou estar surpreso, já que o paciente apresentava boa evolução e o tipo de câncer tratado não era terminal.
De acordo com a investigação, o atestado de óbito foi emitido com base em documentos apresentados pela irmã de Everaldo, incluindo um laudo de biópsia.
Isolamento das vítimas e uso irregular de medicamentos
Laudo confirma envenenamento de americano morto em MG; investigação aponta trama de R$ 1,3 milhão
Redes sociais
A Polícia Civil apontou que os investigados mantiveram as vítimas isoladas da família e administraram medicamentos sem prescrição médica.
Everaldo chegou a relatar para colegas que o amigo aplicava morfina em Thomas, substância de uso hospitalar restrito, obtida de sobras do tratamento da mãe do amigo que será indiciado.
Uma médica chegou a alertar Everaldo sobre o risco de overdose, mas o casal acabou se distanciando dos familiares e amigos mais próximos nas semanas que antecederam as mortes.
Movimentação financeira e tentativa de venda do imóvel
Após as mortes, os suspeitos resgataram aplicações financeiras e tentaram vender o imóvel onde o casal morava, avaliado em cerca de R$ 950 mil.
Um comprovante bancário mostra que, 20 dias após o falecimento de Everaldo, houve o resgate de R$ 379 mil de uma aplicação em nome dele.
De acordo com a investigação, o amigo que será indiciado chegou a procurar um corretor de imóveis antes mesmo da morte de Everaldo e planejava simular uma venda falsa para um conhecido, o que levantou suspeitas entre os investigadores.
Advogada será indiciada por coação
O inquérito também cita a participação de uma advogada, identificada como Ana Paula, que tentou influenciar o depoimento de testemunhas.
Segundo a polícia, ela orientou uma das pessoas ouvidas a mentir sobre a relação com Everaldo para justificar a transferência de bens e, depois, passou a ameaçar essa mesma testemunha. Ela será indiciada por coação no curso do processo.
Próximos passos
Com o relatório final concluído, o Ministério Público deve analisar o caso para oferecer denúncia à Justiça.
A Justiça já determinou o bloqueio de R$ 1,5 milhão em bens e veículos dos investigados, para garantir eventual reparação de danos.
Entenda o caso
Everaldo Gregório de Souza, de 60 anos, e Thomas Stephen Lydon, de 65, foram mortos em junho
Redes sociais
Thomas Lydon e Everaldo Gregório, que viviam juntos em Governador Valadares, morreram com seis dias de diferença, em junho.
As mortes foram inicialmente tratadas como naturais, mas a família desconfiou da rapidez do enterro e procurou a polícia.
A investigação revelou que o casal foi envenenado com Fenobarbital, e que os suspeitos, além de se apropriar dos bens, tentaram ocultar provas e falsificar documentos médicos.
VEJA TAMBÉM:
Mortes tratadas como naturais viram caso de polícia após investigação revelar trama contra americano e seu companheiro em MG
Casal gay morto por envenenamento em MG: veja o que se sabe sobre o caso
Casal gay morto em MG: irmã diz que suspeitos afastaram vítimas e família
Vídeos do Leste e Nordeste de Minas Gerais
Veja outras notícias da região em g1 Vales de Minas Gerais.